O dia que sempre chega

Um dia você percebe que não chorou como antes, não gritou como antes, não quis como antes e não se importou como antes. Ao invés disso seu coração ficou em paz. Não fez torcida, não estremeceu. Até que um dia...

Um dia você sentiu que ele batia tão forte, mas tão forte que, se perguntou como poderia bater e não parar. Ele batia e acompanhava a respiração descontrolada, as mãos que tremiam por conta própria, e disse pra si mesma: - Acho que essa é a sensação antes de morrer, ou perder alguém.

Um dia você sente aquela sensação que jamais pensou que existia. Aquela que todos contam como é você sempre fazia uma oração mental, agradecendo por nunca ter acontecido. Aquela que a vida adia até o momento que não dá mais. Enfim você sabe como é ser decepcionada. Não me refiro a simplesmente se chatear ou se magoar com alguém, é aquela sensação de que o mundo saiu do lugar, as arvores secaram, e nada do que você aprendeu sobre este momento, surtirá efeito. É quando você sabe que haja o que houver toda a verdade sabida, se transforma em mentira, faz todo o resto ser duvidoso. É o momento em que você tem certeza que o homem foi a lua, que há cura para o câncer, que vestidos de noite não são perfeitos.

É quando pipoca com manteiga deixa de ser gostosa, quando o presente de Natal já não tem o mesmo valor, quando todas as moedas que foram guardadas no cofrinho são roubadas, quando pão com manteiga deixa de ser perfeito e quando canções de amor nunca falam com você. Quando almas gêmeas não existe...