QUANDO EU CRESCER...


Hoje eu li todos os posts que tinha no arquivo do computador. Coisas engraçadas e tristes, mas tudo sempre sobre mim e o meu infinito particular.

Eu teria milhares de coisas pra escrever agora. Poderia contar sobre o domingo passado (18 de julho) quando fui à igreja e chorei mais que bebê com fome, mas falei muito com Deus. Poderia contar também sobre a volta dos que não foram ou de como foi meu dia de professora no Sesi.
Poderia contar sobre o dia de hoje (31 de julho), que vi meu sobrinho João dançar quadrilha na escola, foi uma gracinha!!!

Haveria um mar de coisas que poderia contar pra vocês, mas tudo isso que passei nessa semana, servirá para continuar um post que comecei a escrever há um tempinho.

Pela data do arquivo, comecei a escrevê-lo dia 30 de junho de 2010 e hoje pretendo terminá-lo.



Quando eu crescer...

Quando eu era pequena, me perguntavam o que eu queria ser quando crescesse. Eu sempre respondia que gostaria de ser: Veterinária (mas desisti, porque não suporto ver sangue, animais sofrendo, agulhas e etc..), Aeromoça (mas ficava com medo quando sabia de algum avião que caía), Detetive Forense (de tanto ver os seriados na TV) ou cantora (pois, sempre adorei cantar, dublar e exercer minha veia artística. Acho que no final, a vida se encarregava com outras coisas pra mim.

Eu lembro que sempre quis ser famosa. Não apenas pelo dinheiro, mas queria que o mundo todo reconhecesse algo que eu fizesse de bom, algo que eu realmente fosse boa.
O teatro foi ganhando espaço na minha vida ao poucos. Sempre gostei de ver peças, e ficava com os olhos brilhando quando tinha alguma apresentação na escola, e foi lá que tive o primeiro contato com as artes cênicas.

Eu me lembro da primeira vez que fui ao Teatro Ruth Escobar. Fui com minha ex-namorada Daniela e cheguei a ir La umas duas vezes. Lembro-me bem onde nos sentamos e um dizia pra mim mesmo que ser atriz era o que eu gostaria de ser, mas jamais imaginei que minha primeira aparição publica seria naquele teatro.

Entrei na Universidade com 20 anos e foi graças a uma bolsa de 50% que ganhei por meio de uma amiga em comum. Na hora de escolher o curso que foi meu grande dilema. Gostaria de ser feliz na escolha, mas queria agradar minha família e amigos. Por fim escolhi ARTE CÊNICAS e muitos não gostaram da opção.
Para eles eu poderia ser o que quisesse, desde que isso me trouxesse estabilidade em curto prazo. Poderia fazer letras, afinal escrevo bem e aprendi o pouco do inglês que sei sozinha, poderia ser publicitária, pois era minha segunda opção de curso, mas não atriz, não por profissão, mas por hobby.

Meu primeiro dia na universidade foi engraçado. Chegando lá eu não tinha a menor noção do que fazer, nem onde procurar o numero da minha sala. Como entrei depois do carnaval, as panelinhas já haviam se formado e eu sobrei!!

Depois de encontrar a sala, fazer amigos e apresentar trabalhos que contribuíram para minha formação acadêmica, passado 1 ano eu tinha mais que certeza de que ser atriz era o que queria ser por toda minha vida.

Passei por muita coisa. Fui do movimento tripicalia, vampira lésbica expressionista à La Nosferatu, prostituta miserável do século 17, e mais do que pude imaginar ser em apenas 3 semestres.

A recordação mais gostosa que tenho do teatro é quando ouvia o barulho dos sapatos no chão de madeira dos palcos. Durante o processo de montagem do espetáculo na faculdade, os dias de ensaios no teatro eu praticamente não faltava e toda vez que tinha alguma cena ou exercício no palco, eu aproveitava cada centímetro dele e era como se aquele lugar fosse um templo. Eu poderia morar num teatro e me sentiria feliz!!

Quando me apresentei no Teatro Ruth Escobar, sabia que não tinha conhecido aquele lugar por acaso. Sabia que um dia pisaria naquele mesmo palco, e que as pessoas se sentariam na mesma poltrona que eu me sentara. Sabia que o barulho do palco seria feito por mim, por meus sapatos... O barulho dos meus pés no chão de madeira.

Acho que não experimentei maior gratidão quando vi a platéia lotada às gargalhadas com as piadas que eu fazia, em cada cena das prostitutas em OS MISERÁVEIS. Pessoas que nunca vi, falando que estava linda e que foi um espetáculo brilhante.

Sentir aquele frio na barriga, querer desistir 5 minutos antes de entrar em cena, sentir sua adrenalina aumentar em cada poro, sentir as mãos e pés suarem frio e esquecer em 1 minuto todo texto decorado por 5 meses. Isso é fazer teatro.. E quando tudo acaba, você tem a sensação que agüentaria aquilo tudo por toda sua vida. Mesmo cansada e com os pés ardendo, você quer mais e mais.

Em cada papel eu sou o que eu quiser, e já não sou mais a Maressa. Sou Marli, Grissú, Maria, Joana... Sou Carlos, Marcelo, um carro, uma gata, professora e atriz. Eu sou toda uma vida em 1 dia!

É isso que eu quero ser.... SER ATRIZ.

Pensar em parar agora é como pensar em parar de respirar.

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